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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Futebol Internacional Eurocopa

Centromédios, como Rodri, eram geralmente os craques das equipes

Precisamos conhecer o passado para compreender o presente, embora a história seja feita também de interpretações e dúvidas

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Depois de tantos jogos, muitos decididos nos detalhes, no último minuto, na prorrogação, por decisão do VAR, na disputa de pênaltis, começarão as partidas decisivas das quartas de final da Eurocopa.

Alemanha e Espanha, as duas seleções que mais bem atuaram até este momento, devem fazer um jogo equilibrado. A Espanha está um pouco melhor, mas a Alemanha joga em casa. O tempo passa, e o fator campo continua forte em todo o mundo, mesmo que os atletas tenham experiência em partidas importantes fora de seu país e mesmo que exista enorme presença das duas torcidas. Os times anfitriões se sentem mais seguros, corajosos, acolhidos, enquanto os visitantes costumam ficar tensos, desamparados por jogar em outro país. É a fragilidade humana.

Vai ser imperdível ver Rodri de um lado e Kroos do outro, dois mestres meio-campistas, que raramente erram passes. Os grandes passadores não são apenas os que dão passes para gols, mas também os que fazem as escolhas certas, simplificam, não tentam os passes impossíveis e não dão a bola para o adversário.

Rodri, da Espanha, atua na posição em que jogaram Zito e Clodoaldo na seleção brasileira, com ampla visão e passes precisos - Jaime Reina - 8.jun.24/AFP

No início do futebol, há quase 150 anos, os times jogavam com dois zagueiros, três médios e cinco atacantes. Os centromédios, como Rodri, eram geralmente os craques das equipes, pois tinham a ampla visão do conjunto e precisos passes. O Manchester City, quando pressiona e recupera a bola no campo adversário, possui também cinco atacantes. Quem ataca é atacante.

Nas Copas de 1958 e 1962, vencidas pelo Brasil, a equipe jogava no 4-3-3, com Zito de centromédio entre Didi e Zagallo, um ponta que recuava para formar um trio no meio-campo. No Mundial de 1970, o centromédio era Clodoaldo, entre Gerson e Rivellino.

A seleção brasileira de 1982 era diferente por ter dois meio-campistas excepcionais (Falcão e Toninho Cerezo) que jogavam de uma intermediária à outra, além dos meias Zico e Sócrates, à frente dos dois, formando um quarteto, um quadrado. Os pontas Éder e Paulo Isidoro iam também para o meio para armar as jogadas. Daí nasceu o personagem Zé da Galera, criado por Jô Soares, que, no telefone (orelhão), gritava para o técnico: "Bota ponta, Telê".

Apesar da derrota para a Itália, a seleção de 82 encantou o mundo e ficou na história. Mesmo assim, os técnicos brasileiros colocaram a culpa da derrota na pouca marcação no meio-campo e a partir daí dividiram o setor entre os volantes brucutus que marcam e os meias que atacam. Desapareceram os grandes meio-campistas, que só recentemente passaram a ser formados e valorizados. Há vários bons no Brasil e na seleção, porém falta ainda um grande craque nessa importante posição, no nível de um Rodri, um Kroos.

O Brasil não tem hoje um meio-campista como Zito (à esq.) - Reprodução

As equipes modernas que priorizam a aproximação no meio-campo para trocar passes e ter o domínio da bola e do jogo não são cadenciadas, lentas, como muitos acham. Sabem esperar o momento certo de acelerar em direção ao gol, como fazem os dois melhores times do mundo, Manchester City e Real Madrid.

Guardiola sempre detestou a expressão "tiki-taka" para explicar a troca curta de passes do Barcelona, um time que revolucionou o futebol. A troca curta de passes era apenas o artifício para iludir o adversário e esperar o momento certo de alguém se infiltrar na área para receber a bola e fazer o gol.

Precisamos conhecer o passado para compreender o presente e sonhar com o futuro, embora a história seja feita também de interpretações e dúvidas, não apenas de fatos.

Má atuação

Em um jogo bastante físico e de muita marcação, sem brilho, Colômbia e Brasil empataram por 1 a 1. Com isso, a Colômbia ficou em primeiro do grupo e vai enfrentar o Panamá, enquanto a seleção brasileira jogará contra o Uruguai, sem Vinicius Junior, que levou mais um cartão amarelo.

O Brasil fez um primeiro tempo razoável e um segundo muito ruim. O meio-campo não conseguia trocar três passes seguidos e não se aproximava dos atacantes. A Colômbia teve mais chance de vencer. As substituições feitas por Dorival Júnior foram equivocadas, piorando ainda a equipe.

Triste ver a seleção jogar tão mal.

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